Um dia houve em que olhou da almofada de sua cama para lá do vidro da janela e o único pensamento que lhe passou pela cabeça foi se hoje já seria amanhã. No dia anterior, lembrou, havia tido o mesmíssimo pensamento. Será que hoje já é amanhã? Isto torna-se cada vez mais uma ideia recorrente. Será que se deveria preocupar com esta repetição? Talvez não. Provavelmente é só mais uma fase. Mas que raio de fase é esta, homem?
Está cinzento o céu lá fora. Nem apetece levantar. Mesmo nada. Vai deixar-se ficar. Só mais cinco minutinhos. Ainda para mais apanhou frio ontem à noite e agora o nariz entupiu, a cabeça pesa. Custa respirar. Mais cinco minutos.
Fecha os olhos e tenta pensar em coisas agradáveis que o possam fazer sair do confortável dos lençóis. Não seria difícil à primeira vista. As superfícies. Então, e algo pelo qual valha mesmo apenas levantar? Fecha ainda mais olhos como quando criança para afastar os medos maiores. Engraçado que se fecharmos os olhos com maior força os medos não são tão susceptíveis de nos atingir. Nada.
Está bem, vamos lá! Ah, convicção! Isso mesmo rapaz. Vamos preparar-nos para mais um dia premonitório. Mais vinte e quatro horas de visibilidade indiferente. Vamos fingir que temos relevo. Uma banhoca para acordar. Água quente sobre a cabeça para que a dureza da manhã não apague logo o conforto da noite dormida. No final, arrefece-se a água alguns graus para sentir a contracção muscular e o corpo vivo. Que bem se está!
quarta-feira, novembro 02, 2005
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1 comentário:
arefecesse ou arrefece-se???? ai o teu portugues, meu amor.
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